domingo, 21 de outubro de 2007

Segredos de Fátima

Sobre os Segredos de Fátima




Primeiros 2 segredos:



Dois dos três segredos revelados pela irmã Lúcia em 1942 são:


1) "Vocês viram o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-los, Deus deseja estabelecer no mundo devoção a meu Imaculado Coração".


2) "A Primeira Guerra mundial terminará logo. Entretanto, se a humanidade não deixar de ofender a Deus, outra guerra pior surgirá no Reino do Papa Pio XI. Quando vocês viram uma noite iluminada pela luz desconhecida, saibam que este é o grande sinal que Deus lhes dá, porque ele vai castigar o mundo por seus crimes através das guerras, a fome, a perseguição da Igreja e do Santo Padre. Para impedir isto, Eu virei a pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão de reparação dos Primeiros Sábados. Se minha petição é acatada, a Rússia se converterá, e haverá paz.


Se não, a Rússia transmitirá seus error através do mundo, promovendo guerras e a perseguição da Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá que sofrer muito, várias nações serão aniquiladas; no final meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrará a Rússia a mim a qual se converterá, e algum tempo de paz será dado ao mundo".



Texto original do Terceiro Segredo de Fátima
e explicação do Cardeal Ratzinger





Terceira parte do segredo de Fátima, revelado no dia 13 de julho de 1917 aos três pastorzinhos na Cova de Iria-Fátima e transcrito pela Irmã Lúcia em 3 de janeiro de 1944. Tornou-se público pelo Secretário de Estado, Cardeal Ângelo Sodano, em 13 de maio de 2000.


"Escrevo em obediência a Vós, meu Deus, que o ordenais por meio de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo de Leiria e da Santíssima Mãe vossa e minha.


"Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais ao alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; centelhando emitia chamas que parecia que iam incendiar o mundo; mas se apagavam a contato com o esplendor que Nossa Senhora irradiava com sua mão direita, disse com forte voz:


Penitência! Penitência! Penitência! E vimos em uma imensa luz que é Deus: 'algo semelhante a como as pessoas se vêem em um espelho quando passam diante dele' a um Bispo vestido de Branco 'tivemos o pressentimento de que fosse o Santo Padre' .


Também a outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma montanha íngreme, cujo cume havia uma grande Cruz de madeiras toscas como se fosse de carvalho com a casca, o Santo Padre, antes de chegar a ela, atravessou uma grande cidade em meio a ruínas e meio tremulante com passo vacilante, pesaroso de dor e pena, rezando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado em cima do monto, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz, foi morto por um grupo de soldados que dispararam vários tiros de arma de fogo e flechas; e do mesmo modo morreram uns após os outros os homens e mulheres de diversas classes e posições. Sob os dois braços da Cruz havia dois Anjos cada um deles com uma jarra de cristal na mão, nas quais recolhiam o sangue dos Mártires e regavam com ele as almas que se aproximavam de Deus".


Comentário Teológico do Cardeal Joseph Ratzinger


O comentário Teológico do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé está dividido em três partes: Revelação pública e revelações particulares, seu lugar teológico; A estrutura antropológica das revelações privadas; Uma tentativa de interpretação do segredo de Fátima.


1) "O termo 'revelação pública' designa a ação reveladora de Deus destinada a toda a humanidade, que encontrou sua expressão literária nas duas partes da Bíblia: o Antigo e o Novo Testamento. Chama-se 'revelação' porque nela Deus deu-se a conhecer progressivamente aos homens, até o ponto de tornar-se ele mesmo homem, para atrair para si e para reunir em si todo o mundo por meio de seu Filho encarnado, Jesus Cristo.
Em Cristo Deus disse tudo, quer dizer, manifestou-se a si mesmo e, portanto, a revelação concluiu com a realização do mistério de Cristo que encontrou sua expressão no Novo Testamento".


2) A "revelação particular" , ao contrário, "refere-se a todas as visões e revelações que tem lugar uma vez terminado o Novo Testamento; é esta categoria dentro da qual devemos colocar a mensagem de Fátima.


A autoridade das revelações particulares - prossegue o Cardeal Ratzinger - é essencialmente diversa da única revelação pública: esta exige nossa fé". A revelação particular, ao contrário, "é uma ajuda para a fé, e se manifesta como crível precisamente porque remeta à única revelação pública".


Citando o teólogo flamenco E. Dhanis, o prefeito para a Fé afirma que "a aprovação eclesiástica de uma revelação particular contém três elementos: mensagem em questão não contém nada que vá contra a fé e os bons costumes; é lícito torná-lo público e os fiéis estão autorizados a dar-lhe em forma prudente a sua adesão". "Uma mensagem assim pode ser uma ajuda válida para compreender e viver melhor o Evangelho no momento presente; por isto não se deve descartar. É uma ajuda que é oferecida, mas que não é obrigatório fazer uso da mesma".


O Cardeal Ratzinger sublinha também que "a profecia no sentido da Bíblia não quer dizer predizer o futuro, mas explicar a vontade de Deus para o presente o qual mostra o reto caminho para o futuro".


A parte mais importante do Comentário Teológico está dedicado a "uma tentativa de interpretação do segredo de Fátima". Do mesmo modo que a palavra chave da primeira e da Segunda parte do "segredo" é a de "salvar almas", a "palavra chave deste 'segredo' é o tríplice grito: 'Penitência! Penitência! Penitência!'. Vem a mente o começo do Evangelho: "paenitemini et credite evangelio" (Mc 1,15). Compreender os sinais dos tempos significa compreender a urgência da penitência, da conversão e da fé. Esta é a resposta adequada ao momento histórico, que caracterizava por grandes perigos e que serão descritos nas imagens sucessivas. Me permito inserir aqui uma lembrança pessoal: em uma conversa comigo, Irmã Lúcia me disse que lhe era cada vez mais claro que o objetivo de todas as aparições era o de fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade. Todo o resto era somente para conduzir a isto".


3) Depois, o prefeito da Congregação para a Fé passa a vista às "imagens" do segredo. "O anjo com a espada de fogo à direita da Mãe de Deus lembra imagens análogas às do Apocalipse. Representa a ameaça do juízo que incumbe sobre o mundo. A perspectiva de que o mundo poderia ser reduzido a cinzas em um mar de chamas, hoje não é considerada absolutamente pura e fantasia: o próprio homem preparou com suas invenções a espada de fogo".


"A visão mostra depois a força que se opõe ao poder de destruição: o esplendor da Mãe de Deus, e proveniente sempre dele, a chamada à penitência. Deste modo é sublinhado a importância da liberdade do homem: o futuro não está determinado de um modo imutável, e a imagem que as crianças viram não é um filme antecipado do futuro, do qual nada poderia mudar. Em realidade, toda visão tem lugar somente para chamar a atenção sobre a liberdade e para dirigi-la em uma direção positiva. (...) Seu sentido é o de mobilizar as forças da mudança para o bem. Por isso estão totalmente fora de lugar as explicações fatalísticas do "segredo" que dizem que o atentador do 13 de maio de 1981 teria sido definitivamente um instrumento da Providência. (...) A visão fala mais dos perigos e do caminho para salvar-se dos mesmos".


Passando às seguintes imagens, "o lugar da ação - explica o cardeal Ratzinger - aparece descrito em três símbolos: uma montanha escarpada, uma grande cidade em meio a ruínas, e finalmente uma grande cruz de troncos rústicos. Montanha e cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como custosa subida para o alto, a história como lugar da humana criatividade e da convivência, mas que ao mesmo tempo como lugar das destruições, nas quais o homem destrói a obra de seu próprio trabalho (...) Sobre a montanha está cruz, meta e ponto e orientação da história. Na cruz a destruição se transforma em salvação; levanta-se como sinal da miséria da história e como promessa para a mesma".


"Aparecem depois aqui pessoas humanas: o Bispo vestido de branco ('tivemos o pressentimento de que fosse o Santo Padre'), outros Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e estratos sociais. O Papa parece que precede aos outros, tremendo e sofrendo por todos os horrores que o redeiam. Não somente as casas da cidade estão em meio a ruínas, mas que seu caminho passa no meio dos corpos dos mortos. O caminho da Igreja se descreve assim como uma via crucis, como caminho em um tempo de violência, de destruições e de perseguições.


Nesta imagem, não se pode ver representada a história de todo um século. Do mesmo modo em que os lugares da terra estão sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade, e estão orientados para a cruz, também os tempos são representados de forma compacta".


"Na visão podemos reconhecer o século passado como século dos mártires, como século dos sofrimentos e das perseguições contra a Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que encheram toda a sua Segunda metade e fizeram experimentar novas formas de crueldade. No 'espelho' desta visão vemos passas os testemunhas de fé de decênios".


O prefeito da Congregação da Doutrina da Fé afirma também que na via crucis deste século "a figura do Papa tem um papel especial. Em sua fadigosa subida à montanha podemos encontrar indicados com segurança juntos diversos Papas, que começando por Pio X até o Papa atual compartilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram para avançar entre eles pelo caminho que leva à cruz. Na visão também o Papa é morto no caminho dos mártires. Não poderia o Santo Padre, quando depois do atentado de 13 de maio de 1981 fez-se levar o texto da terceira parte do 'segredo', reconhecer nele seu próprio destino? Teria estado muito próximo das portas da morte e ele mesmo explicou ter sido salvo com as seguintes palavras: 'foi uma mão materna a que guiou a trajetória da bala e o Papa agonizante deteve-se no umbral da morte' (13 de maio de 1994). Que 'uma mão materna' tenha desviado a bala mortal mostra mais uma vez que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são poderosas, que podem influenciar na história e, que ao final, a oração é mais forte que as balas, a fé mais potente que as divisões".


A conclusão do segredo, prossegue o cardeal Ratzinger, "lembra imagens que Lúcia pode ter visto em livros piedosos, e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma visão consoladora, que quer tornar maleável pelo poder salvador de Deus uma história de sangue e lágrimas. Os anjos recolhem sob os braços da cruz o sangue dos mártires e regam com ela as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o sangue dos mártires estão aqui considerados juntamente: o sangue dos mártires flui dos braços da cruz. Seu martírio se realiza de maneira solidária com a paixão de Cristo e se converte em uma só coisa com ele".


"A visão da terceira parte do segredo tão angustiosa em seu início, conclui com uma imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão e, precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja de mártires, converte-se em sinal orientador para a busca de Deus por parte do homem (...) do sofrimento dos testemunhas deriva uma força de purificação e de renovação, porque é atualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite no presente sua eficácia salvífica".


O que significa em seu conjunto (em suas três partes), o "segredo" de Fátima?, foi perguntado por último ao Cardeal Ratzinger. "Antes de tudo devemos afirmar como o cardeal Sodano: 'os acontecimentos aos que se refere a terceira parte do 'segredo' de Fátima parecem pertencer já ao passado'.


Na medida em que se refere a acontecimentos concretos já pertencem ao passado. Quem tinha esperado impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o curso futuro da história ficará desiludido. Fátima não nos oferece este tipo de satisfação de nossa curiosidade, o mesmo que a fé cristã não quer e não pode ser um mero alimento para nossa curiosidade. O que fica de válido já vimos de imediato ao início de nossas reflexões sobre o texto do 'segredo': a exortação à oração como caminho para a 'salvação das almas' e, no mesmo sentido, a chamada à penitência e à conversão".


"Gostaria ao final de voltar ainda sobre outra palavra chave do 'segredo', que com razão fez-se famosa: "meu Coração Imaculado triunfará", o que quer dizer isto? Que o coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que os fuzis e que qualquer outro tipo de arma. O fiat de Maria, a palavra de seu coração, mudou a história do mundo porque ela introduziu no mundo o Salvador, porque graças a este 'sim' Deus pode se tornar homem em nosso mundo e assim permanece agora e para sempre. O maligno tem poder neste mundo, o vemos e o experimentamos continuamente; ele tem poder porque nossa liberdade se deixa afastar continuamente de Deus".


"Mas desde que o próprio Deus tem coração humano e desse modo dirigiu a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal já não tem a última palavra. Desde aquele momento cobram todo seu valor as palavras de Jesus: "padecereis tribulações no mundo, mas tende ânimo, eu venci ao mundo" (Jo, 16,33). A mensagem de Fátima nos convida a confiar nesta promessa".








Observação final




De notar que o Papa, João Paulo II, equacionou o atentado na Praça de São Pedro em 1981 ao Terceiro Segredo de Fátima e a intervenção à Senhora de Fátima pelo facto de ter sobrevivido ao mesmo atentado. Uma coisa é certa e, vale a pena sublinhar que o Vaticano não se pronunciou públicamente durante a Segunda Guerra Mundial, ou seja, não fez quaisquer denúncias públicas ao movimento político fáscista de Benito Mussolini nem quaisquer referências às ideologias atterroradoras do ditador Adolfo Hitler por ester querer conquistar o mundo. Caso se tivesse pronunciado talvez o "outcome" da Segunda Guerra Mundial tivesse sido bem diferente.


Vale a pena salientar também que muitos peritos ligados a Fátima são da opinião de que o terceiro segredo de Fátima não foi revelado ainda na sua totalidade. Alegam que os conservadores do Vaticano (inclusive o actual Papa Bento XVI) foram da opinião de o não revelar para não criar sensacionalismos e pânico na sociedade...



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