Caça aos tesouros açorianos
Os Açores são, hoje, inquestionavelmente, um dos sítios mundiais de maior potencial arqueológico. O número e o tipo das embarcações naufragadas, durante cerca de cinco séculos, é imenso e nele se inclui muitas variedades de navios à vela do período da expansão colonial que nunca foram estudados por arqueólogos navais. Os naufrágios da das águas açorianas têm, igualmente, a capacidade potencial de vir a fornecer muitas respostas às questões que hoje em dia se levantam no que concerne à evolução do desenho e da construção naval em madeira, às práticas náuticas e aos circuitos de comércio e guerra naval pós-medievais.
Mas, se o potencial arqueológico é excepcional, excepcional é também o interesse que alguns dos naufrágios em águas açorianas suscitam nos meios da caça ao tesouro e da exploração comercial de destroços submersos. Com efeito, estimam-se em cerca de 250 os naufrágios ocorridos nos Açores e que se estimam ter tido a bordo bens de elevado valor venal, como sejam a prata, o ouro ou a porcelana, a maior parte deles em quantidades até agora ainda não recuperadas – pelo menos, oficialmente – em todas as operações de caça ao tesouro levadas a cabo em todo o mundo.
Ora, as quantias em jogo atraem esforços de salvamento - muitos dos quais mais não são do que o culminar de uma longa série de acções de recuperação realizadas desde o próprio acto de afundamento do navio, quando este ocorria em águas pouco profundas – que visam apenas fazer re-ingressar no circuito económico a carga perdida.
Nos Açores, depois de uma tentativa infrutífera para a implementação de uma lei regional que liberalizasse a recuperação de bens arqueológicos subaquáticos, em 1983 - prontamente declarada inconstitucional por parte do Tribunal Constitucional - os interesses dos caçadores de tesouros voltaram-se para o Governo da República, conseguindo mesmo a aprovação, em 1993, de um diploma que atingiu os mesmos fins, com cobertura a todo o território nacional.
No entanto, se algo houve a ganhar com a publicação da lei 289/93 - dita da caça ao tesouro - foi de facto o debate que se seguiu entre os defensores da salvaguarda e estudo do património cultural subaquático e os adeptos da sua liberalização e que contribuiu sobremaneira para a consciencialização do público em geral sobre a matéria em causa.
Informação sobre potenciais tesouros subaquáticos açorianos, em inglês
Angra C wreck (fotos e texto em inglês)
Batalhas e Naufrágios nos Açores (1591)
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