domingo, 21 de outubro de 2007

Acontecimentos verídicos em verso

Dois acontecimentos verídicos, em verso, ocorridos na ilha Graciosa


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A morte de mãe e filha


&


As forças invisiveis



Da autoria de:


Manuel Espinola da Veiga


---1936---


De salientar que ambos os acontecimentos são de origem invulgar e ocorreram na ilha Graciosa. Estes foram mais tarde publicados em verso pela Tip. Andrade de Angra do Heroísmo. Uma obra poética antiga da autoria do falecido, Manuel Espinola da Veiga. Este era residente no Lugar das Fontes, Santa Cruz da Graciosa.


Trata-se de dois casos verídicos e históricos que, na altura, deram muito que falar nesta pequena ilha Graciosa. Ambos os casos são de origem invulgar. O primeiro narra o triste acontecimento entre uma mãe e sua filha que eram residentes no largo da Senhora da Vitória (Freguesia de Guadalupe) e o segundo narra um outro facto histórico, de origem sobrenatural, ocorrido no Lugar do Bom Jesus (perto da Igreja do Senhor Bom Jesus) de Santa Cruz da Graciosa.


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Cópia da capa original do velho livrete. Clique na foto para ver em tamanho original


A morte de mãe e filha


Cada um para o que nasce


É uma causa natural


Todos vem usufruir


Um o bem, outro o mal



Todos os que nascem tem


Rigorosa obrigação


Quem seja rico ou pobre


Cumprir a sua missão.



É um contrato que se faz


No mais alto tribunal.


Perante o Juiz Supremo


Na Corte celestial



É um tratado inviolável


Feito conscienciosamente,


O qual no mundo se deve


Cumprir rigorosamente.



O mundo assim começou


E continuará assim;


Tendo uns um bom principio


Para terem um mau fim.



Outros são pelo contrário


E, conforme da a sorte;


Tem um principio mau


E depois tem boa morte.



Uns de uma forma outros doutra,


Todos vão tendo assim;


A terminação da vida


Para séculos sem fim.



Há pessoas que andar morrem,


Outras na cama deitadas,


E ainda outras no mar,


De mortes agoniadas.



Das ultimas que vos falo


São das que má sorte tem.


A's vezes não lhes dá tempo


Dizer adeus a ninguem.



Tal e qual aconteceu


O que vos vou contar


No dia nove de Setembro


Até faz arrepiar!



Uma mãe e uma filha


Que ambas desapareceram,


Indo tomar banho ao mar


Ambas elas lá morreram.



E' porque naturalmente


Era aquela a sua sorte


Naquele dia e hora


Sofrerem aquela morte.



Chamava-se ela Ana Augusta


Por isso foi batizada,


E com Filipe Correia Teles


Estava ela casada.



Tinha 49 anos


Duma feliz existencia


Dotada por natureza


Da mais santa paciencia.



Era mãe de quatro filhos


Até aquela idade


E a Deus fazia votos


Pela sua felicidade.



A todos ela adorava


E a todos muito queria,


Mas à mais nova de todas


Em amor lhe excedia.



A sorte dá mesmo assim


Quando assim o destina


Pois que nem sequer por morte


A mãe deixou a Juvina.



Juvina é que era o nome


Da sua querida filha


Sendo ela naquela casa,


O encanto da familia.



Amava a sua Juvina


Do coração bem do fundo


Nem que houvessem combinado,


Partirem juntas do mundo.



A pequena era dotada


Duma grande discrição,


A quem ouvia falar


Causava admiração.



Frequentava a escola


Com certa regularidade


Fazendo os seus trabalhos


Com a maior facilidade.



As companheiras de escola,


Dizem mesmo toda a gente,


Que a infeliz Juvina


Era mesmo inteligente.



Mas a sorte cá no mundo


Não quiz dar-lhe ocasião,


De lhe pagar a seus pais


A sua educação.



Dez anos tinha ela


Estava na sua mocidade,


Quem a via não dizia


Que ela tinha aquela idade.



Tanto os pais como irmãos


A pequena adoravam,


Se a não viam em casa


Já por ela perguntavam.



Sua mãe que por costume


Dela sempre a acompanhar,


P'ra qualquer lugar que ia


Gostava de a levar.



Como sempre foi assim


A sorte estava a chamar,


Começou mais sua mãe,


A tomar banhos no mar.



Já era há sete dias


Que de madrugada cedo


Iam elas tomar banho


Sem o mar lhes causar medo.



Ana Augusta e sua filha


Nunca lá iam sozinhas,


Iam sempre acompanhadas


De algumas outras vizinhas.



Mas naquele trágico dia


Em que a cena se passou


Lucinda Augusta e uma neta


Foi quem as acompanhou.



Chegadas lá ao local


Em que era costumado,


Não puderam tomar banho


Por o mar estar agitado.



Procuraram uma poça


Que ali perto havia,


Em que o mar só pelos buracos


Dentro dela entraria.



A rocha era tão alta


Ali naquele lugar,


Que elas depois de lá dentro


Não podiam ver o mar.



Aqui estamos seguras


O mar cá não pode entrar,


A água que vem pelas fendas


É que nos hade banhar.



Ali estiveram todas quatro


Naquele estreito lugar


Mesmo só quatro pessoas,


Ali podiam entrar.



Lucinda Augusta dizia


Naquele mesmo instante,


Agora vamos embora


Para hoje já dá bastante.



Mas Ana Augusta, coitada,


Para ela se voltou,


E com modos corajosos


Desta sorte lhe falou:



Esperamos mais um instante


E punha-se a escutar,


Aí vem o ultimo banho


P´ra gente se consolar.



Ainda no mesmo instante


Que estas falas dizia,


Enorme vaga de mar


Aquela poça cobria.



Foi tão grande a porção de água


Que toda a poça encheu,


E durante alguns momentos


Toda ali permaneceu.



Mãe e filha pela água


Logo foram suspendidas,


E na propria corrente dela


Foram elas envolvidas.



A pequena como mais leve


A água fácil lhe pegou,


E a mãe para a salvar


Atraz dela se deitou.



A corrente era tão forte


Que a água nunca parou


E para longe da costa,


A mãe e filha levou.



Lucinda Augusta e a neta


Quando a poça se encheu,


A avó agarrou-se à neta


A água não as moveu.



A água depois foi vazando


Por quantas fendas havia,


Deixando a avó a neta


Numa tamanha agonia.



Depois do mar melhorar


E a água ter saído


Pensaram que mãe e filha,


Dali teriam fugido.



Dizendo a avó à pequena


Minha querida netinha,


Fujamos daqui para fora


O mesmo fez a vizinha.



E subindo para mais alto


Numa apressada fugida


Avistaram a mãe e filha,


Na água, mas já sem vida.



E naqueles mesmos trajes


Em que da água saía


Começa em altos gritos,


Com quanto força podia.



E voltando-se para a terra


A ver se alguém por ali passava,


Pedindo que acudissem


Aquela grande desgraça.



Mas não avista ninguem


Que lhes pudesse valer,


Manda a neta chamar gente


E que largasse a correr.



Vem ela por ali fora


Com grande pressa a gritar,


Andando grande distancia


Sem a ninguem encontrar.



E fica Lucinda Augusta


Sempre para o mar olhando,


Com os olhos fitos nas vitimas


Por sobre as águas boiando.



Chega então a pequenita


Que a correr tanto lhe custa,


Encontra o proprio marido


Da infeliz Ana Augusta.



E chegando junto dêle


Sem falar poder sequer,


Disse-lhe que o mar havia


Levado a sua mulher.



Assim que êle isto ouviu


Logo a correr deitou,


Nem tão pouco da filhinha


A pequena lhe falou.



Chegado ele ao local


Todo lavado em suôr,


Encontra Lucinda Augusta


Chorando com grande dôr.



Aproximando-se dela


Mal para falar atina,


Preguntou rapidamente


Por sua filha Juvina.



Da mulher sabia ele


O que passado se havia,


Mas da infeliz criança


Ainda nada sabia.



Lucinda Augusta lhe diz


Quasi sem poder falar,


A tua mulher e filha


Lá andam fora no mar.



E olhando para fora


Avista filha e mãe,


E ele tão perto de lá


Sem lhes poder fazer bem.



Andavam ao vai e vem


Como quem se despedia,


Levadas pela corrente


Que a água produzia.



A criança portadora


Chegada à localidade,


A toda a gente contava


Tamanha infelicidade.



Assim que isto se soube


Em toda a povoação,


Afluiu ao local


Uma enorme multidão.



Prantos, soluços e lagrimas


Era o que todos soltavam,


Com os olhos fitos nas vitimas


Que sobre as ondas boiavam.



A filha como mais leve


Da terra se aproximou,


E empelida pelas ondas


Entre umas pedras ficou.



E o mais depressa possivel


Um vizinho lhe pegou,


Nos braços do pobre pai


Tristemente a colocou.



Ele lavado em prantos


Ao coração a chegou.


E como pai para filha


Toda a cara lhe beijou.



Foi o pai e os irmãos


E todos os que ali estavam,


Cercaram a infeliz


E chorando a beijavam.



Parece que a mãe só esperava


Da filha à terra chegar


P'ra levada pelas ondas,


Da terra se afastar.



Levada pela corrente


Para longe se afastou,


Desaparecendo para sempre


Que nunca mais se encontrou.



Mas que cena dolorosa


Deante de tanta gente,


Ver o marido a mulher


Desaparecer para sempre.



Enquanto avista o cadaver


Dali não se afastou,


Vendo sempre os movimentos


E o rumo que ela levou.



Só quando o perdeu de vista


É que dali retirou


Mais toda aquela familia


Que o facto observou.



No cadaver de Juvina


Que todo o povo cercou


Sem mais demora alguma,


Um vizinho lhe pegou.



Lá vem o pai e os irmãos


E tudo o que ali estava,


O cadaver da infeliz


Toda a gente o acompanhava.



Toda aquela multidão


Para casa se dirigia,


Aonde toda a familia


Em prantos se desfazia.



Os filhos por sua mãe


Que perdiam para sempre.


O marido pela mulher,


Fazendo chorar toda a gente.



O cadaver de Juvina


Envolto num branco veu,


Parecia mesmo um anjo


Subindo da terra ao ceu.



Apesar das contusões


Que no seu rosto havia,


Motivadas pelo mar


Quando nas pedras batia.



Toda aquela vizinhança


Que a ia visitar,


Levantava-lhe o veu


Para o rosto lhe beijar.



Cobriam-lhe de lagrimas


Por lhe quererem muito bem,


Lastimando ao mesmo tempo


O infeliz fim da mãe.



Logo no dia seguinte


Foi o seu enterramento,


Tendo a infeliz Juvina


Enorme acompanhamento.



Chegaram ao cemitério


Á beira da campa fria,


Todo o povo ali chorou


Quando o cadaver descia.



---FIM---



FORÇAS INVISÍVEIS



Anibal Correia de Melo


Modelo dos homens sérios,


Na sua própria morada


Foi vítima de altos mistérios.



Era um tanto incrédulo


E tinha um duro pensar,


Em fenómenos espirituais


Nunca queria acreditar.



Quando nisso se falava


Fazia a sua risada,


De tudo quanto ouvia


Só fazia cassoada.



De factos que se passavam


Perto donde ele residia


Por muito que lhe contassem


Nunca nada o convencia.



Mas a gente, embora mesmo


Não queira acreditar,


Em coisas que desconheça,


Deve ouvir, ver e calar.



Mas ele assim não fazia,


Nunca a nada se calava,


A toda a gente dizia


Que era uma toliçada.



Falava assim desta forma


Com tanta facilidade,


Mas a sorte um dia fez-lhe


Perder a incredulidade.



Num quintal perto da porta


Arvores frutíferas havia


E numa das principais


Enorme estragos se via.



Desde o primeiro momento


Em que ele isto observou


Com sua mulher e filhos


Severamente ralhou.



Não fui eu nem os meus filhos,


A sua mulher dizia,


Ignorando também


Quem tal trabalho fazia.



Alguns dias passou ele


Numa certa inquietação


Sem conseguir ver quem era


O autor de tal acção.



E numa segunda-feira


Ás oite horas do dia


Umas enormes pedradas


A todos surpreendia.



Na parede da sua casa


É que as pedras batiam


E sem causar prejuizo


Na sua rua caíam.



Mais duma vez cada dia


Isto assim se passava,


Procurando ele saber


Quem estas pedras deitava.



Mas um dia a certas horas


Ele próprio se escondeu,


Vendo vir todas as pedras


Do prédio dum tio seu.



Ele muito admirado


A si mesmo preguntava


Qual seria a razão


Porque o tio o maltratava.



Foi falar nisso ao tio


Que estava na sua rua,


Disse-lhe ele não ter sido


Nem também familia sua.



E noutros dias seguidos


A qualquer hora do dia


De lá partiam as pedras


Sem se ver quem o fazia.



Lá vinha ele ter com o tio


P'ra sobre isso discutirem,


Afirmando ver ele próprio


As pedras de lá partirem.



Um que sim outro que não


Largamente discutiram


A pontos que alguns escandalos


Um ao outro dirigiram.



Foi-se divulgando isto


Em toda a freguesia


E no fim dum dia ou dois


Todo o povo o sabia.



Toda aquela vizinhança


Que isto ouvia falar


Lá ia pessoalmente


Os factos observar.



Estava ali muita gente


Que em tal não queria crer


Que viam passar as pedras


Sem a ninguém ofender.



Se aparecia uma pequena


Dos filhos que em casa havia


Era sempre junto dela


Que a pedrada caía.



Mas louvado seja Deus


Nunca elas a ofendiam


Só faziam assustar gente


Quando do pé dela caíam.



Quando as pedras caíam


Muita gente avançava


P'ra o lugar donde elas vinham


Para ver quem as atirava.



Mas depois de lá chegarem


E em tudo procurar


Ficavam admirados


De a ninguem encontrar.



Foi circulando o boato


Do que então ali havia


Até que dentro na vila


Toda a gente o sabia.



Nesta altura o Sr. Anibal


Não sabia, mas sempre crente,


Ser seu tio que o fazia


Ou alguém da sua gente.



Chegou-se às autoridades


E o facto lhe narrou


Mas tudo lhe vira as costas


Ninguem o acreditou.



Mas ele sempre persistindo


A mesma coisa afirmava


Que lhe parecia ser o tio


Que tal acção praticava.



Afirmava e dizia:


Eu nunca vi lá ninguém,


Mas da banda do meu tio


É que as pedras todas vem.



Eu não sei dizer se é ele


Ou se será gente sua


De lá é que vem as pedras


Cairem na minha rua.



Não querendo V. Exª


O que eu digo acreditar


Mande a polícia lá cima


Os factos observar.



Ou então se V. Exª


Quizesse lá ir também


Poderia então deixar


De mandar lá mais ninguém.



Se V. Exª. lá fosse


A qualquer hora do dia


E visse com os seus olhos


Então acreditaria.



Os factos são inegáveis


Isso posso afirmar,


Há centenas de pessoas


Que os podem testemunhar.



Toda a minha vizinhança


A que lá tem ido ver


Se ela fôr interrogada


Ela o poderá dizer.



Não é só a vizinhança


Que isso pode dizer,


Até gente de bem longe


Lá tem ido para ver.



A tudo o que tens dito,


Diz o Sr. Administrador,


Apesar de seres sério


Não te posso dar valor.



Isso infalivelmente


Não se pode acreditar,


Mas, enfim, eu sempre vou


A polícia lá mandar.



Mas olha: toma cautela


Não vás ficar mal na acção,


Se tudo isso fôr falso


Vens logo parar à prisão.



Sim senhor, de boamente


Me deixo mesmo prender,


Se fôr provado ser falso


O que acabo de dizer.



Por que horas quer então


Que a polícia chegue lá,


Que eu agora sem demora


Vou mandá-la chamar já.



Então pelo Sr. Anibal


A certas horas marcadas


Chegaram alguns polícias


Para verem as pedradas.



Ocultaram-se em certo ponto


Muito atenciosamente


E viram vir as pedradas


Do prédio que estava em frente.



Avançaram mais depressa


Como quem medo não tem,


Dando busca ao prédio todo


Sem encontrarem ninguém.



Depois de desenganados


E de entre todos se rirem


Voltam para o Sr. Anibal


Sobre o facto discutirem.



Depois de curtos momentos


De uns aos outros se ouvirem


Viram vir algumas pedras


E junto deles caírem.



P'ra lá foram outra vez


Muito apressadamente,


Não sendo só a polícia


Como muita outra gente.



E a ninguém encontraram,


até parece impossível,


Isto para muita gente


Torna-se inadmissivel.



Caíam aquelas pedras,


O que toda a gente via,


Com uma certa precaução


Que a ninguém ofendia.



Todos erguiam os olhos


Sábios e ignorantes,


E abismados ficavam


Por alguns curtos instantes.



Chegou a polícia à Vila


Dar conta à autoridade


E conta-lhe o ocorrido


Com a maior sinceridade.



Ficam fazendo juízos


No que se havia fazer,


A forma como se havia


Sobre o facto proceder.



Foi uma ordem para cima


Sem se fazer demorar


P'ra o tio do Senhor Anibal


A sua casa deixar.



Ele e mais sua família


De sua casa saía


Por espaço de alguns dias


Até ver o que havia.



Mas tanto com ele em casa


Como depois de sair


As pedras de vez em quando


Não cessavam de cair.



Até que várias pessoas


Uma vez sem o esperar


Viram levantar-se as pedras


Sem verem ninguém pegar.



Levantaram-se e tocadas


Sem ninguem saber porquem


Á rua vieram ter


Sem ofenderem ninguém.



Dessa data em diante


Toda a gente afirmava


Que não era gente humana


Que tal acção praticava.



Não era só com as pedras


Que ali disparatavam


Dentro em casa com a família


Muitas cenas se passavam.



Um tabique que havia


Tanta pancada levou


Com tamanha violência


Que todo se despregou.



Até uma criancinha,


Louvado seja o Senhor,


Pegavam-lhe levemente


E no chão a vinham pôr.



Até a roupa da cama


Com que os donos se cobriam


Lhes era tirada fora,


O que eles mesmo sentiam.



A mudança de alguns móveis


Que lá em casa havia


E de muitas outras coisas,


Isso tudo se fazia.



Muitas vezes o Sr. Anibal


Quando à noite os pés lavava,


Precisando das galochas


Por sua filha chamava.



Ainda sem ela chegar,


O que ele se admirava,


Olhava para o seu lado


As galochas encontrava.



Destas e de muitas outras


Era vítima o Sr. Anibal,


O que para muita gente


Até parece impossível.



Mas grande número de incrédulos


Então cientes ficaram


Serem forças invisiveis


Que ali se manifestaram.



---FIM---



Nota Final:


Tal como já referi, estes lindos versos foram baseados em dois casos verídicos que ocorreram na ilha Graciosa, Açores. O seu autor, já falecido, Manuel Espínola da Veiga, tal como poderão constatar pela foto da capa do livro, era aleijado das pernas pelo que, aliás, tinha categóricamente de utilizar as mãos para se movimentar de um lado para o outro. Era uma pessoa de muitos conhecimentos e chegou mesmo a ser professor naquela localidade das Fontes, Santa Cruz da Graciosa.


Julgo saber que estes versos não estão à venda em lado nenhum. Tenho uma cópia do livro original que me foi oferecida pela minha avó paterna. Ela falava-me muitas vezes nestes acontecimentos e foi, inclusive, testemunha ocular do fenómeno das pedras. A criança que era tirada do berço durante a noite pelas ditas «forças invisiveis», e colocada no chão, ainda hoje, com sessenta e tal anos, vive na mesma localidade do Bom Jesus, lugar que pertence à Vila de Santa Cruz da Graciosa.


Tal como o já falecido Sr. Anibal, ainda há muitos por esse mundo fora que, actualmente, mantém uma postura de incredulidade face a tudo aquilo que desconhecem e não conseguem ver com os olhos. Hoje está provado científicamente que estas coisas existem. Muitas são as universidades que, em Parapsicologia, estudam todos estes fenómenos metafísicos. Portanto, os que optam decididamente por permanecer incrédulos como, por exemplo, os ateus e agnósticos, são pessoas que, na generalidade, sofrem de uma miopia espiritual e, por conseguinte, possuem uma visão muito curta da realidade que os rodeia e em que estão inseridos. Ter fé é isso mesmo, acreditar naquilo que não se vê. Não se vê mas sabe-se que existe...

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