Dois acontecimentos verídicos, em verso, ocorridos na ilha Graciosa
A morte de mãe e filha
&
As forças invisiveis
Da autoria de:
Manuel Espinola da Veiga
---1936---
De salientar que ambos os acontecimentos são de origem invulgar e ocorreram na ilha Graciosa. Estes foram mais tarde publicados em verso pela Tip. Andrade de Angra do Heroísmo. Uma obra poética antiga da autoria do falecido, Manuel Espinola da Veiga. Este era residente no Lugar das Fontes, Santa Cruz da Graciosa.
Trata-se de dois casos verídicos e históricos que, na altura, deram muito que falar nesta pequena ilha Graciosa. Ambos os casos são de origem invulgar. O primeiro narra o triste acontecimento entre uma mãe e sua filha que eram residentes no largo da Senhora da Vitória (Freguesia de Guadalupe) e o segundo narra um outro facto histórico, de origem sobrenatural, ocorrido no Lugar do Bom Jesus (perto da Igreja do Senhor Bom Jesus) de Santa Cruz da Graciosa.
Cópia da capa original do velho livrete. Clique na foto para ver em tamanho original
A morte de mãe e filha
Cada um para o que nasce
É uma causa natural
Todos vem usufruir
Um o bem, outro o mal
Todos os que nascem tem
Rigorosa obrigação
Quem seja rico ou pobre
Cumprir a sua missão.
É um contrato que se faz
No mais alto tribunal.
Perante o Juiz Supremo
Na Corte celestial
É um tratado inviolável
Feito conscienciosamente,
O qual no mundo se deve
Cumprir rigorosamente.
O mundo assim começou
E continuará assim;
Tendo uns um bom principio
Para terem um mau fim.
Outros são pelo contrário
E, conforme da a sorte;
Tem um principio mau
E depois tem boa morte.
Uns de uma forma outros doutra,
Todos vão tendo assim;
A terminação da vida
Para séculos sem fim.
Há pessoas que andar morrem,
Outras na cama deitadas,
E ainda outras no mar,
De mortes agoniadas.
Das ultimas que vos falo
São das que má sorte tem.
A's vezes não lhes dá tempo
Dizer adeus a ninguem.
Tal e qual aconteceu
O que vos vou contar
No dia nove de Setembro
Até faz arrepiar!
Uma mãe e uma filha
Que ambas desapareceram,
Indo tomar banho ao mar
Ambas elas lá morreram.
E' porque naturalmente
Era aquela a sua sorte
Naquele dia e hora
Sofrerem aquela morte.
Chamava-se ela Ana Augusta
Por isso foi batizada,
E com Filipe Correia Teles
Estava ela casada.
Tinha 49 anos
Duma feliz existencia
Dotada por natureza
Da mais santa paciencia.
Era mãe de quatro filhos
Até aquela idade
E a Deus fazia votos
Pela sua felicidade.
A todos ela adorava
E a todos muito queria,
Mas à mais nova de todas
Em amor lhe excedia.
A sorte dá mesmo assim
Quando assim o destina
Pois que nem sequer por morte
A mãe deixou a Juvina.
Juvina é que era o nome
Da sua querida filha
Sendo ela naquela casa,
O encanto da familia.
Amava a sua Juvina
Do coração bem do fundo
Nem que houvessem combinado,
Partirem juntas do mundo.
A pequena era dotada
Duma grande discrição,
A quem ouvia falar
Causava admiração.
Frequentava a escola
Com certa regularidade
Fazendo os seus trabalhos
Com a maior facilidade.
As companheiras de escola,
Dizem mesmo toda a gente,
Que a infeliz Juvina
Era mesmo inteligente.
Mas a sorte cá no mundo
Não quiz dar-lhe ocasião,
De lhe pagar a seus pais
A sua educação.
Dez anos tinha ela
Estava na sua mocidade,
Quem a via não dizia
Que ela tinha aquela idade.
Tanto os pais como irmãos
A pequena adoravam,
Se a não viam em casa
Já por ela perguntavam.
Sua mãe que por costume
Dela sempre a acompanhar,
P'ra qualquer lugar que ia
Gostava de a levar.
Como sempre foi assim
A sorte estava a chamar,
Começou mais sua mãe,
A tomar banhos no mar.
Já era há sete dias
Que de madrugada cedo
Iam elas tomar banho
Sem o mar lhes causar medo.
Ana Augusta e sua filha
Nunca lá iam sozinhas,
Iam sempre acompanhadas
De algumas outras vizinhas.
Mas naquele trágico dia
Em que a cena se passou
Lucinda Augusta e uma neta
Foi quem as acompanhou.
Chegadas lá ao local
Em que era costumado,
Não puderam tomar banho
Por o mar estar agitado.
Procuraram uma poça
Que ali perto havia,
Em que o mar só pelos buracos
Dentro dela entraria.
A rocha era tão alta
Ali naquele lugar,
Que elas depois de lá dentro
Não podiam ver o mar.
Aqui estamos seguras
O mar cá não pode entrar,
A água que vem pelas fendas
É que nos hade banhar.
Ali estiveram todas quatro
Naquele estreito lugar
Mesmo só quatro pessoas,
Ali podiam entrar.
Lucinda Augusta dizia
Naquele mesmo instante,
Agora vamos embora
Para hoje já dá bastante.
Mas Ana Augusta, coitada,
Para ela se voltou,
E com modos corajosos
Desta sorte lhe falou:
Esperamos mais um instante
E punha-se a escutar,
Aí vem o ultimo banho
P´ra gente se consolar.
Ainda no mesmo instante
Que estas falas dizia,
Enorme vaga de mar
Aquela poça cobria.
Foi tão grande a porção de água
Que toda a poça encheu,
E durante alguns momentos
Toda ali permaneceu.
Mãe e filha pela água
Logo foram suspendidas,
E na propria corrente dela
Foram elas envolvidas.
A pequena como mais leve
A água fácil lhe pegou,
E a mãe para a salvar
Atraz dela se deitou.
A corrente era tão forte
Que a água nunca parou
E para longe da costa,
A mãe e filha levou.
Lucinda Augusta e a neta
Quando a poça se encheu,
A avó agarrou-se à neta
A água não as moveu.
A água depois foi vazando
Por quantas fendas havia,
Deixando a avó a neta
Numa tamanha agonia.
Depois do mar melhorar
E a água ter saído
Pensaram que mãe e filha,
Dali teriam fugido.
Dizendo a avó à pequena
Minha querida netinha,
Fujamos daqui para fora
O mesmo fez a vizinha.
E subindo para mais alto
Numa apressada fugida
Avistaram a mãe e filha,
Na água, mas já sem vida.
E naqueles mesmos trajes
Em que da água saía
Começa em altos gritos,
Com quanto força podia.
E voltando-se para a terra
A ver se alguém por ali passava,
Pedindo que acudissem
Aquela grande desgraça.
Mas não avista ninguem
Que lhes pudesse valer,
Manda a neta chamar gente
E que largasse a correr.
Vem ela por ali fora
Com grande pressa a gritar,
Andando grande distancia
Sem a ninguem encontrar.
E fica Lucinda Augusta
Sempre para o mar olhando,
Com os olhos fitos nas vitimas
Por sobre as águas boiando.
Chega então a pequenita
Que a correr tanto lhe custa,
Encontra o proprio marido
Da infeliz Ana Augusta.
E chegando junto dêle
Sem falar poder sequer,
Disse-lhe que o mar havia
Levado a sua mulher.
Assim que êle isto ouviu
Logo a correr deitou,
Nem tão pouco da filhinha
A pequena lhe falou.
Chegado ele ao local
Todo lavado em suôr,
Encontra Lucinda Augusta
Chorando com grande dôr.
Aproximando-se dela
Mal para falar atina,
Preguntou rapidamente
Por sua filha Juvina.
Da mulher sabia ele
O que passado se havia,
Mas da infeliz criança
Ainda nada sabia.
Lucinda Augusta lhe diz
Quasi sem poder falar,
A tua mulher e filha
Lá andam fora no mar.
E olhando para fora
Avista filha e mãe,
E ele tão perto de lá
Sem lhes poder fazer bem.
Andavam ao vai e vem
Como quem se despedia,
Levadas pela corrente
Que a água produzia.
A criança portadora
Chegada à localidade,
A toda a gente contava
Tamanha infelicidade.
Assim que isto se soube
Em toda a povoação,
Afluiu ao local
Uma enorme multidão.
Prantos, soluços e lagrimas
Era o que todos soltavam,
Com os olhos fitos nas vitimas
Que sobre as ondas boiavam.
A filha como mais leve
Da terra se aproximou,
E empelida pelas ondas
Entre umas pedras ficou.
E o mais depressa possivel
Um vizinho lhe pegou,
Nos braços do pobre pai
Tristemente a colocou.
Ele lavado em prantos
Ao coração a chegou.
E como pai para filha
Toda a cara lhe beijou.
Foi o pai e os irmãos
E todos os que ali estavam,
Cercaram a infeliz
E chorando a beijavam.
Parece que a mãe só esperava
Da filha à terra chegar
P'ra levada pelas ondas,
Da terra se afastar.
Levada pela corrente
Para longe se afastou,
Desaparecendo para sempre
Que nunca mais se encontrou.
Mas que cena dolorosa
Deante de tanta gente,
Ver o marido a mulher
Desaparecer para sempre.
Enquanto avista o cadaver
Dali não se afastou,
Vendo sempre os movimentos
E o rumo que ela levou.
Só quando o perdeu de vista
É que dali retirou
Mais toda aquela familia
Que o facto observou.
No cadaver de Juvina
Que todo o povo cercou
Sem mais demora alguma,
Um vizinho lhe pegou.
Lá vem o pai e os irmãos
E tudo o que ali estava,
O cadaver da infeliz
Toda a gente o acompanhava.
Toda aquela multidão
Para casa se dirigia,
Aonde toda a familia
Em prantos se desfazia.
Os filhos por sua mãe
Que perdiam para sempre.
O marido pela mulher,
Fazendo chorar toda a gente.
O cadaver de Juvina
Envolto num branco veu,
Parecia mesmo um anjo
Subindo da terra ao ceu.
Apesar das contusões
Que no seu rosto havia,
Motivadas pelo mar
Quando nas pedras batia.
Toda aquela vizinhança
Que a ia visitar,
Levantava-lhe o veu
Para o rosto lhe beijar.
Cobriam-lhe de lagrimas
Por lhe quererem muito bem,
Lastimando ao mesmo tempo
O infeliz fim da mãe.
Logo no dia seguinte
Foi o seu enterramento,
Tendo a infeliz Juvina
Enorme acompanhamento.
Chegaram ao cemitério
Á beira da campa fria,
Todo o povo ali chorou
Quando o cadaver descia.
---FIM---
FORÇAS INVISÍVEIS
Anibal Correia de Melo
Modelo dos homens sérios,
Na sua própria morada
Foi vítima de altos mistérios.
Era um tanto incrédulo
E tinha um duro pensar,
Em fenómenos espirituais
Nunca queria acreditar.
Quando nisso se falava
Fazia a sua risada,
De tudo quanto ouvia
Só fazia cassoada.
De factos que se passavam
Perto donde ele residia
Por muito que lhe contassem
Nunca nada o convencia.
Mas a gente, embora mesmo
Não queira acreditar,
Em coisas que desconheça,
Deve ouvir, ver e calar.
Mas ele assim não fazia,
Nunca a nada se calava,
A toda a gente dizia
Que era uma toliçada.
Falava assim desta forma
Com tanta facilidade,
Mas a sorte um dia fez-lhe
Perder a incredulidade.
Num quintal perto da porta
Arvores frutíferas havia
E numa das principais
Enorme estragos se via.
Desde o primeiro momento
Em que ele isto observou
Com sua mulher e filhos
Severamente ralhou.
Não fui eu nem os meus filhos,
A sua mulher dizia,
Ignorando também
Quem tal trabalho fazia.
Alguns dias passou ele
Numa certa inquietação
Sem conseguir ver quem era
O autor de tal acção.
E numa segunda-feira
Ás oite horas do dia
Umas enormes pedradas
A todos surpreendia.
Na parede da sua casa
É que as pedras batiam
E sem causar prejuizo
Na sua rua caíam.
Mais duma vez cada dia
Isto assim se passava,
Procurando ele saber
Quem estas pedras deitava.
Mas um dia a certas horas
Ele próprio se escondeu,
Vendo vir todas as pedras
Do prédio dum tio seu.
Ele muito admirado
A si mesmo preguntava
Qual seria a razão
Porque o tio o maltratava.
Foi falar nisso ao tio
Que estava na sua rua,
Disse-lhe ele não ter sido
Nem também familia sua.
E noutros dias seguidos
A qualquer hora do dia
De lá partiam as pedras
Sem se ver quem o fazia.
Lá vinha ele ter com o tio
P'ra sobre isso discutirem,
Afirmando ver ele próprio
As pedras de lá partirem.
Um que sim outro que não
Largamente discutiram
A pontos que alguns escandalos
Um ao outro dirigiram.
Foi-se divulgando isto
Em toda a freguesia
E no fim dum dia ou dois
Todo o povo o sabia.
Toda aquela vizinhança
Que isto ouvia falar
Lá ia pessoalmente
Os factos observar.
Estava ali muita gente
Que em tal não queria crer
Que viam passar as pedras
Sem a ninguém ofender.
Se aparecia uma pequena
Dos filhos que em casa havia
Era sempre junto dela
Que a pedrada caía.
Mas louvado seja Deus
Nunca elas a ofendiam
Só faziam assustar gente
Quando do pé dela caíam.
Quando as pedras caíam
Muita gente avançava
P'ra o lugar donde elas vinham
Para ver quem as atirava.
Mas depois de lá chegarem
E em tudo procurar
Ficavam admirados
De a ninguem encontrar.
Foi circulando o boato
Do que então ali havia
Até que dentro na vila
Toda a gente o sabia.
Nesta altura o Sr. Anibal
Não sabia, mas sempre crente,
Ser seu tio que o fazia
Ou alguém da sua gente.
Chegou-se às autoridades
E o facto lhe narrou
Mas tudo lhe vira as costas
Ninguem o acreditou.
Mas ele sempre persistindo
A mesma coisa afirmava
Que lhe parecia ser o tio
Que tal acção praticava.
Afirmava e dizia:
Eu nunca vi lá ninguém,
Mas da banda do meu tio
É que as pedras todas vem.
Eu não sei dizer se é ele
Ou se será gente sua
De lá é que vem as pedras
Cairem na minha rua.
Não querendo V. Exª
O que eu digo acreditar
Mande a polícia lá cima
Os factos observar.
Ou então se V. Exª
Quizesse lá ir também
Poderia então deixar
De mandar lá mais ninguém.
Se V. Exª. lá fosse
A qualquer hora do dia
E visse com os seus olhos
Então acreditaria.
Os factos são inegáveis
Isso posso afirmar,
Há centenas de pessoas
Que os podem testemunhar.
Toda a minha vizinhança
A que lá tem ido ver
Se ela fôr interrogada
Ela o poderá dizer.
Não é só a vizinhança
Que isso pode dizer,
Até gente de bem longe
Lá tem ido para ver.
A tudo o que tens dito,
Diz o Sr. Administrador,
Apesar de seres sério
Não te posso dar valor.
Isso infalivelmente
Não se pode acreditar,
Mas, enfim, eu sempre vou
A polícia lá mandar.
Mas olha: toma cautela
Não vás ficar mal na acção,
Se tudo isso fôr falso
Vens logo parar à prisão.
Sim senhor, de boamente
Me deixo mesmo prender,
Se fôr provado ser falso
O que acabo de dizer.
Por que horas quer então
Que a polícia chegue lá,
Que eu agora sem demora
Vou mandá-la chamar já.
Então pelo Sr. Anibal
A certas horas marcadas
Chegaram alguns polícias
Para verem as pedradas.
Ocultaram-se em certo ponto
Muito atenciosamente
E viram vir as pedradas
Do prédio que estava em frente.
Avançaram mais depressa
Como quem medo não tem,
Dando busca ao prédio todo
Sem encontrarem ninguém.
Depois de desenganados
E de entre todos se rirem
Voltam para o Sr. Anibal
Sobre o facto discutirem.
Depois de curtos momentos
De uns aos outros se ouvirem
Viram vir algumas pedras
E junto deles caírem.
P'ra lá foram outra vez
Muito apressadamente,
Não sendo só a polícia
Como muita outra gente.
E a ninguém encontraram,
até parece impossível,
Isto para muita gente
Torna-se inadmissivel.
Caíam aquelas pedras,
O que toda a gente via,
Com uma certa precaução
Que a ninguém ofendia.
Todos erguiam os olhos
Sábios e ignorantes,
E abismados ficavam
Por alguns curtos instantes.
Chegou a polícia à Vila
Dar conta à autoridade
E conta-lhe o ocorrido
Com a maior sinceridade.
Ficam fazendo juízos
No que se havia fazer,
A forma como se havia
Sobre o facto proceder.
Foi uma ordem para cima
Sem se fazer demorar
P'ra o tio do Senhor Anibal
A sua casa deixar.
Ele e mais sua família
De sua casa saía
Por espaço de alguns dias
Até ver o que havia.
Mas tanto com ele em casa
Como depois de sair
As pedras de vez em quando
Não cessavam de cair.
Até que várias pessoas
Uma vez sem o esperar
Viram levantar-se as pedras
Sem verem ninguém pegar.
Levantaram-se e tocadas
Sem ninguem saber porquem
Á rua vieram ter
Sem ofenderem ninguém.
Dessa data em diante
Toda a gente afirmava
Que não era gente humana
Que tal acção praticava.
Não era só com as pedras
Que ali disparatavam
Dentro em casa com a família
Muitas cenas se passavam.
Um tabique que havia
Tanta pancada levou
Com tamanha violência
Que todo se despregou.
Até uma criancinha,
Louvado seja o Senhor,
Pegavam-lhe levemente
E no chão a vinham pôr.
Até a roupa da cama
Com que os donos se cobriam
Lhes era tirada fora,
O que eles mesmo sentiam.
A mudança de alguns móveis
Que lá em casa havia
E de muitas outras coisas,
Isso tudo se fazia.
Muitas vezes o Sr. Anibal
Quando à noite os pés lavava,
Precisando das galochas
Por sua filha chamava.
Ainda sem ela chegar,
O que ele se admirava,
Olhava para o seu lado
As galochas encontrava.
Destas e de muitas outras
Era vítima o Sr. Anibal,
O que para muita gente
Até parece impossível.
Mas grande número de incrédulos
Então cientes ficaram
Serem forças invisiveis
Que ali se manifestaram.
---FIM---
Nota Final:
Tal como já referi, estes lindos versos foram baseados em dois casos verídicos que ocorreram na ilha Graciosa, Açores. O seu autor, já falecido, Manuel Espínola da Veiga, tal como poderão constatar pela foto da capa do livro, era aleijado das pernas pelo que, aliás, tinha categóricamente de utilizar as mãos para se movimentar de um lado para o outro. Era uma pessoa de muitos conhecimentos e chegou mesmo a ser professor naquela localidade das Fontes, Santa Cruz da Graciosa.
Julgo saber que estes versos não estão à venda em lado nenhum. Tenho uma cópia do livro original que me foi oferecida pela minha avó paterna. Ela falava-me muitas vezes nestes acontecimentos e foi, inclusive, testemunha ocular do fenómeno das pedras. A criança que era tirada do berço durante a noite pelas ditas «forças invisiveis», e colocada no chão, ainda hoje, com sessenta e tal anos, vive na mesma localidade do Bom Jesus, lugar que pertence à Vila de Santa Cruz da Graciosa.
Tal como o já falecido Sr. Anibal, ainda há muitos por esse mundo fora que, actualmente, mantém uma postura de incredulidade face a tudo aquilo que desconhecem e não conseguem ver com os olhos. Hoje está provado científicamente que estas coisas existem. Muitas são as universidades que, em Parapsicologia, estudam todos estes fenómenos metafísicos. Portanto, os que optam decididamente por permanecer incrédulos como, por exemplo, os ateus e agnósticos, são pessoas que, na generalidade, sofrem de uma miopia espiritual e, por conseguinte, possuem uma visão muito curta da realidade que os rodeia e em que estão inseridos. Ter fé é isso mesmo, acreditar naquilo que não se vê. Não se vê mas sabe-se que existe...
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