quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cientistas revertem envelhecimento



O trabalho, publicado na Nature, foi liderado por Ronald A. DePinho, professor de genética da instituição. Como na história de F. Scott Fitzgerald, o Curioso caso de Benjamim Button, ratos envelhecidos começaram a rejuvenescer – mas, ao contrário do conto da ficção levado aos cinemas com Brad Pitt no papel principal, o fenômeno contou com a ajuda da ciência.

O professor DePinho e sua equipe conseguiram o feito ao criar ratos com um gene especial que permitia controlar a enzima telomerase, responsável por manter as “capas” protetoras, chamadas telômeros, na ponta dos cromossomos.

Conforme envelhecemos, os níveis de telomerase caem. Há tempo pesquisadores sabem que essa queda está associada com a erosão progressiva dos telômeros, o que pode contribuir para a degeneração do tecido e declínio de funções.

Criando ratos com um “interruptor” de telomerase, os pesquisadores conseguiram envelhecer prematuramente alguns animais e, da mesma forma, reativar a enzima para testa se seria possível também rejuvenescer os animais. As condições observadas com o envelhecimento precoce forma testículos reduzidos, ausência de esperma, baço atrofiado, intestino danificado, encolhimento do cérebro e incapacidade de desenvolver novas células cerebrais.

gene da telomerase, chamado de TERT, foi modificado em alguns ratos para encodar uma proteína que somente era ativada com uma forma especial do hormônio estrógeno. Assim, a qualquer momento, os cientistas poderiam dar ao rato um medicamento para estimular os receptores e torná-los ativos.

Após quatro semanas, os ratos envelhecidos que tiveram a telomerase reativada apresentaram telômeros maiores e claros sinais de rejuvenescimento: as células voltaram a crescer regenerando tecidos e seus baços, testículos e cérebros aumentaram. Os testículos também produziram novos espermatozóides, e sua fertilidade aumentou: as fêmeas desses machos deram cria a ninhadas maiores. Os pesquisadores também testaram os animais em um percurso com diversos odores associados a perigo – como o cheiro de predadores ou de comida estragada. Quando foram “envelhecidos”, conforme suas células olfativas atrofiavam, eles perderem a capacidade de se localizar nesse caminho para evitar o perigo. Após o boost de produção de telomerase, no entanto, elas se regeneraram e o rato ganhou de volta seu olfato.


Outro ponto importante é que não houve sinais de câncer associados ao tratamento, o que era uma preocupação porque, com a idade, o encurtamento dos telômeros em tecido comum mostra uma queda constante – menos nos casos de câncer, no qual seu comprimento é mantido. Isso ocorre porque as células cancerígenas usam a telomerase para se tornarem quase “imortais”. O risco de câncer no tratamento foi reduzido “religando” nos ratos a telomerase por apenas alguns dias ou semanas.


A expectativa de vida dos animais também aumentou quando comparado a dos ratos envelhecidos não tratados. Porém, eles não viveram mais tempo do que os roedores normais.


Apesar dos bons resultados, os pesquisadores alertam que uso de alguma aplicação semelhante em humanos ainda é distante. Ainda é preciso descobrir, por exemplo, como isso teria um impacto no envelhecimento normal, não previamente acelerado. No entanto, está claro que a perda de telômeros está associada a problemas ligados à idade, e que sua restauração poderia aliviar tais problemas.


Autor: Vladimir Soster



Fonte: INFOciência



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